Com sinais de retomada econômica e redução dos juros do crédito imobiliário, o setor da construção civil cearense espera encerrar o ano de 2018 com crescimento e, assim, reverter o revés sofrido pelo segmento nos últimos anos de crise. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon), André Montenegro, as vendas devem impactar positivamente o resultado do setor neste ano.
Segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil cearense encolheu 4,22% em 2017 em relação a 2016, seguindo as expectativas dos empresários, de acordo com Montenegro. "Depois de dois anos de recessão, os estoques aumentaram e não houve lançamentos. Estamos vislumbrando agora uma pequena retomada", diz.
O resultado, porém, demonstra uma desaceleração da queda do segmento, que havia encerrado o ano de 2016 com um recuo de 15,59% ante o ano anterior, segundo o Ipece. O presidente avalia que, com a retomada das vendas de imóveis neste ano, o setor deve encerrar o ano com crescimento, ainda que pequeno e menor do que a média do País, segundo afirmou.
Ele avalia que a macroeconomia sob controle, com inflação baixa, queda dos juros do crédito imobiliário e retomada do emprego tornam o ambiente favorável para crescimento das vendas de imóveis neste ano. "O déficit habitacional também está muito grande, as pessoas precisam de casa para morar. A demanda vai aumentar, a procura por imóveis no mercado já está aumentando", reforça o presidente.
Empregos só em 2019
Questionado a respeito do impacto dessa retomada das vendas sobre o nível de emprego gerado pelo setor, que apresentou uma queda significativa nos últimos anos, Montenegro pondera que um aumento significativo só deve acontecer no próximo ano. "Este vai ser o ano das vendas. Com isso, os lançamentos acontecerão no segundo semestre de 2018 e as construções só iniciarão no próximo ano".Distratos
Entre as dificuldades enfrentadas pelo setor, Montenegro destaca iniciativas para combater a realização de distratos (desistência da venda de imóveis na planta), como o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional para regulamentar essa situação. "As pessoas querem que a construtora devolva imediatamente o dinheiro, mas esses recursos estão aplicados no prédio, em tijolo, areia, cimento. Como pode devolver?", questiona.Desde o ano passado, se intensificaram as conversas entre as empresas do setor, representantes de órgãos de defesa do consumidor e membros do governo para que se chegue a uma regulamentação desse tipo de ruptura de contrato. Na avaliação do presidente, os compradores deveriam tentar vender o imóvel no mercado e não forçar a construtora a pagar imediatamente os valores já pagos.
A Associação Nacional do Ministério Púbico do Consumidor (MPCON) já chegou a expressar total repúdio à proposta por entender que nos moldes propostos, existe um risco de enorme prejuízo a todos os consumidores na compra e venda de imóveis e de provocar grave retrocesso sobre normas já estabelecidas na legislação atual. A proposta está na lista de medidas econômicas avaliadas como prioritárias pelo governo.
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