Cinco candidatos à Presidência da República apresentaram nesta segunda-feira (6) suas propostas de governo em um evento organizado pela Coalizão pela Construção, grupo que reúne 26 entidades do setor da construção civil.
Dois presidenciáveis falaram pela manhã – Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) – e três, à tarde – Alvaro Dias (Pode), Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meirelles (MDB).
Segundo a assessoria de imprensa do evento, o critério para convidar os presidenciáveis foi a colocação nas recentes pesquisas de intenção de voto. No caso de Henrique Meirelles, que apresenta nas pesquisas desempenho semelhante ao de outros candidatos não convidados, a assessoria afirmou que ele foi chamado "por representar o campo do governo".
Jair Bolsonaro (PSL) não participou do evento por problema de agenda, segundo a assessoria do evento. O PT não foi convidado porque, pelas regras da sabatina, só poderia participar o próprio candidato – o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso –, e não um representante da chapa.
Os painéis foram individuais e não houve debate entre os candidatos. Durante 20 minutos, cada um fez uma exposição e, em seguida, respondeu a perguntas de empresários.
Esse foi o primeiro evento reunindo presidenciáveis após o fim do prazopara os partidos definirem os candidatos à Presidência em convenções nacionais.
Veja abaixo o que cada um dos candidatos disse (na ordem das apresentações):
A candidata da Rede à Presidência, Marina Silva (Foto: Fernanda Calgaro, G1)
Marina Silva (Rede)
Democracia - Marina Silva afirmou que a democracia estaria em risco em 2018. Na avaliação dela, a campanha eleitoral de 2014 alertou para a perda de duas conquistas: a estabilidade econômica e a inclusão social. "Já vimos esse filme antes e sabemos no que pode dar. [...] Faço um alerta: a sociedade civil, nela incluído o setor produtivo, não deve cair em saídas autoritárias, contrárias à nossa democracia. No ano em que a Constituição completa 30 anos, seria uma tragédia", declarou a candidata da Rede.
Economia - Na área econômica, Marina defendeu a limitação do crescimento dos gastos públicos à metade do PIB do ano anterior. Atualmente, a Constituição prevê que a base para aumento dos gastos federais é a inflação dos últimos 12 meses, até junho. Ela também disse ser "incontornável" a necessidade de uma reforma da Previdência Social, assim como uma reforma tributária, com a unificação de alguns tributos, para melhorar o ambiente de negócios.
Aborto - A presidenciável da Rede disse que, se eleita, irá propor a realização de um plebiscito para consultar a população sobre a legalização do aborto e tratou ainda do tema da corrupção. Marina disse que, em seu eventual governo, a Operação Lava Jato "não será sabotada". "Além de criminosa e imoral, a corrupção introduz uma ineficiência enorme no setor de infraestrutura", ponderou Marina.
Licenciamento ambiental - Questionada sobre eventuais mudanças no licenciamento ambiental, entre as quais medidas para dar maior agilidade nas desapropriações – uma das demandas do setor da construção – ela destacou que seria possível uma atualização na legislação para "ganhar agilidade", desde que não culminasse em perda de qualidade.
O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin (Foto: Fernanda Calgaro, G1)
Geraldo Alckmin (PSDB)
Economia - Alckmin disse que, se eleito, estimulará maior competitividade no setor bancário e administrarará com “rigor no tripé de política fiscal, cambial e monetária”. O tucano afirmou que, caso vença a eleição, pretende aproveitar os primeiros seis meses de mandato para fazer mudanças na economia e zerar o déficit em menos de dois anos.
Reformas - Ele elogiou a reforma trabalhista que entrou em vigor durante o governo Michel Temer e propôs, para os próximos anos, mudanças nas regras previdenciárias, tributárias e políticas.
Privatizações - O candidato do PSDB voltou a defender as privatizações de empresas públicas e prometeu que, se eleito, não haverá mais indicações políticas para agências reguladoras. "O Estado não fica mais fraco [com as privatizações], porque o papel dele é regulador, fiscalizador e planejador. De outro lado, PPP e concessões. E aí é fundamental agências reguladoras despartidarizadas. [No meu governo], não terá um cargo de indicação política e partidária em agência reguladora. Agência reguladora é profissional, técnica, tem mandato que extrapola o mandato do governante", afirmou.
Agrotóxicos - Alckmin também elogiou o polêmico projeto de lei em tramitação na Câmara que flexibiliza o uso de agrotóxicos, apelidado por opositores da proposta de “PL do veneno”. Segundo o candidato do PSDB, trata-se de “lei do remédio”. “Houve uma questão de defensivos agrícolas. Falaram em lei do veneno. Não é nada disso. Um produto novo leva de 8 a 9 anos. Então [precisamos] estabelecer prazos”, defendeu Alckmin.
O candidato do Podemos à Presidência, Alvaro Dias (Foto: Fernanda Calgaro, G1)
Alvaro Dias (Pode)
Corrupção - Alvaro Dias fez críticas à corrupção. Segundo ele, não há solução para os problemas do Brasil se ficar mantido o atual sistema “corrupto e ineficiente”. Para o candidato, existe uma "conspiração" para que a Operação Lava Jato seja “fulminada”. “Há compromissos clandestinos de que a Operação Lava Jato será fulminada e ela tem que ser a prioridade do povo brasileiro”, afirmou Dias, complementando que haveria uma “Arca de Noé” nas alianças de vários partidos para salvar a classe política.
PSDB - Ao ser questionado por jornalistas sobre quem estaria por trás da "conspiração" que mencionou, Alvaro Dias afirmou que estava se referindo, “acima de tudo", ao PSDB, que fechou aliança com outros oito partidos para a disputa presidencial. "Acima de tudo ao PSDB, que foi o responsável por essa engenharia construtora da arca de Noé", ironizou.
Reforma do Estado e ministérios - Alvaro Dias defendeu a necessidade de uma reforma do Estado para, segundo ele, acabar com o sistema promíscuo de “cooptação dos partidos políticos”, supostamente usado para sustentar um projeto de poder. Entre as ações que diz pretender colocar em prática se vencer a eleição estão a redução do número de ministérios para cerca de 15 – atualmente existem 29 –, a privatização de empresas estatais, e a redução do número de parlamentares.
Economia - O candidato do Podemos propôs a redução das taxas de juros e uma tributação maior em cima da renda do que do consumo, sem tributação a investimentos e exportação.
O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes (Foto: Fernanda Calgaro, G1)
Ciro Gomes (PDT)
Ajuste fiscal e reforma da Previdência - O candidato do PDT defendeu um ajuste fiscal, diminuindo despesas e aumentando receitas, e a criação de uma tributação sobre heranças. A exemplo de outros candidatos, também destacou a necessidade de o país promover uma reforma da Previdência, criando um novo regime de capitalização e regras de transição. O presidenciável disse ainda que “o empresariado brasileiro vivencia o pior nível de endividamento da história” e que o consumo das famílias está em “colapso”. “Eu, chegando à Presidência, vou passar uma lupa em cada centavo de despesa”, enfatizou.
Emprego - Ciro destacou que sua meta é criar 2 milhões de empregos ao ano, com foco nas áreas da defesa, saúde, agronegócio, petróleo, gás e bioenergia, além da construção civil.
Vice - Ao final da sabatina, em uma entrevista coletiva, Ciro Gomes foi questionado sobre se a escolha da senadora Kátia Abreu (PDT-TO) para a vaga de vice da chapa dele não seria contraditória, em razão de ela ter um perfil considerado mais conservador, ligado ao agronegócio. Na resposta, o pedetista disse que a intenção dele é "reunir os interesses práticos de quem produz e de quem trabalha".
Acordo PT-PSB - Ele voltou a criticar o acordo eleitoral de PT e PSB. Neste domingo (5), em convenção nacional, o PSB decidiu não fazer nenhuma coligação formal para a eleição presidencial em troca de receber o apoio do PT em alguns estados. Segundo Ciro, o motivo foi o "medo". "É um medo justificado porque eu vou interpretar uma profunda revisão do que é mesmo ser progressista num país como o nosso. Definitivamente, não é política compensatória que faz alguém ser progressista. É o desenvolvimento com soberania."
O candidato do MDB à Presidência, Henrique Meirelles (Foto: Fernanda Calgaro, G1)
Henrique Meirelles (MDB)
Infraestrutura - Candidato do partido do presidente Michel Temer, Henrique Meirelles disse aos empresários da construção civil que é importante retomar a confiança do país. “Não há como se propor uma série de coisas sem resgatar a confiança no Brasil", disse. Ele defendeu a revitalização da infraestrutura brasileira como alternativa para o país retomar o crescimento econômico e usou como exemplo a retomada de obras paralisadas. Ao final do evento, explicou que para finalizar essas obras usaria dinheiro que passaria a sobrar nos cofres públicos com uma eventual aprovação da reforma da Previdência e da redução das despesas obrigatórias do Orçamento.
Reforma tributária e privatizações - Meirelles também disse que o país precisa reformar as regras tributárias, buscando simplificar o pagamento de impostos, e afirmou que pretende criar 10 milhões de empregos em quatro anos. O ex-ministro da Fazenda também propôs a privatização de estatais com baixo desempenho. Ele prometeu acelerar o programa de concessões do governo federal.
Aborto - Indagado sobre a ação em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) que poderá levar à descriminalização do aborto, Meirelles disse que, "a princípio", é a favor da vida, mas que também é "altamente favorável aos direitos individuais". Mas ele evitou dar opinião pessoal. "O tribunal vai discutir a constitucionalidade, não é a opinião de cada um. E, a partir daí, a decisão é soberana."
Desempenho nas pesquisas - Meirelles respondeu a um questionamento em relação ao seu baixo desempenho nas pesquisas de intenção de voto. Na última pesquisa divulgada pelo Ibope, tinha 1% das intenções de voto. O ex-ministro disse que quando o eleitor conhece a história dele, o apoio ao seu nome "aumenta de forma impressionante".
Fonte: g1.globo.com/politica
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