Após ter caído mais de 7% em 2015 e 2016, a recuperação da economia segue lenta, em compasso de espera dos eventos políticos, como a negociação dareforma da Previdência no Congresso. A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2018 foi de 1,1% , frustrando novamente as expectativas do início do ano, de crescimento de 2,7%. Se o desempenho da economia viesse em linha com essa expectiava inicial, seria fraco para compensar as perdas passadas, mas bem acima do que efetivamente a economia cresceu. Ainda estamos no mesmo patamar produtivo de 2012.
A construção civil, que se move com o ganho de renda da população, com a confiança de que dias melhores virão e com investimento público, continua em queda. O tamanho da crise no setor pode ser medido pela riqueza produzida pelo segmento, igual à do primeiro semestre de 2009, há dez anos, quando a crise financeira global atingiu em cheio a economia brasileira. A redução de 2,5% em 2018, como mostrou o IBGE, apesar de ter sido menor do que a queda registrada em 2017, foi o único recuo anual entre as atividades do PIB no ano passado. Os outros setores cresceram pouco, mas conseguiram fechar o ano com taxas positivas.
A construção também puxou para baixo o desempenho dos investimentos. Responsável por 47% de todo setor, a construção impediu alta maior nos recursos destinados a aumentar a capacidade produtiva do país. A importação e fabricação de máquinas e equipamentos, com alta de 15,4%, ajudou o investimento a reagir e crescer 4,1% no ano. Poderia ter sido mais.
Queda da confiança
O emprego na construção caiu 2,4%. Não houver sequer geração de vagas informais, que estão fazendo a taxa de desemprego cair levemente.
A boa notícia veio do consumo das famílias, que subiu mais que o dobro do PIB, 1,9%. O aumento do emprego, mesmo que precário, aumentou a massa de rendimentos e, por consequência, o consumo. O crédito, uma das travas recentes do PIB - as famílias estavam ainda muito endividadas para voltar a comprar - cresceu.
Mas o último trimestre do ano foi ainda mais fraco. Foram três meses de estagnação, mesmo com a melhoria da confiança depois das eleições. Essa mesma confiança começa a dar sinais negativos. A Fundação Getulio Vargas divulgou nesta quinta-feira o Índice de Confiança Empresarial, que mede o ânimo dos empresários de indústria, comércio, serviços e construção, e ele caiu pela primeira vez, após quatro altas consecutivas.
Para o ano, os analistas de mercado financeiro projetam alta de 2,48%, mas ainda esperam para saber como vai ser o andamento da reforma da Previdência no Congresso e como isso vai ajudar nas contas públicas. A economia mundial está andando mais devagar, o que também afeta o Brasil. O emprego formal patina como o PIB, o que deixa as famílias menos propensas a consumir. Portanto, ainda há muita incerteza e obstáculos rondando o desempenho do PIB.
Fonte: oglobo.globo.com
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