Após anos de estagnação do mercado imobiliário, inflacionado por promessas não concretizadas do pré-sal, a construção civil demonstra sinais de recuperação na Baixada Santista. O setor foi um dos únicos na região a registrar aumento no número de trabalhadores com carteira assinada no dez primeiros meses de 2019. Mais de 1,9 mil empregos foram gerados em novos empreendimentos e a projeção é de manutenção do ritmo de contratações em 2020.
Retomada de investimentos privados e projetos do Poder Público, que devem ser concentrados no primeiro semestre devido às limitações do calendário eleitoral do ano que vem, explicam o otimismo. Entidades e representantes da construção civil estimam expansão em torno de 8% para 2020 na região – o que deve manter aquecida a geração de postos de trabalho.
“O setor deu uma subida na Baixada Santista, após um período de queda, gerando mais empregos. Obras são contratação na veia”, destaca o diretor regional do Sindicato da Construção Civil (Secovi) em Santos, Carlos Meschini.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o segmento na Baixada Santista voltou a fechar no azul, após seis anos de robustas perdas de vagas. De janeiro a outubro, a construção civil gerou 1.911 novos postos no mercado formal de emprego nas nove cidades da região – diferença entre as 10.420 admissões frente a 8.509 demissões no período.
Esse foi o melhor resultado do setor no acumulado dos nove primeiros meses do ano desde 2011 – quando houve saldo de 2.094. E o segundo período em que as contratações superaram as demissões desde o início da estagnação financeira. No período de queda, foram mais de 7 mil vagas fechadas.
Otimismo
O economista Fernando Chagas avalia que a construção civil tem demonstrado traços de recuperação consistente na Baixada Santista nos últimos dois anos. “Especialmente em infraestrutura, como a obra pública na entrada de Santos, garantindo a geração de empregos no setor”.
A Cidade foi a que mais gerou vagas no período, com 1.483 contratações. Apenas Cubatão teve deficit nesse segmento, com 180 postos fechados. O término das paradas programadas de manutenção das indústrias cubatenses explica a queda.
No recorte dos cinco cargos que tiveram saldo positivo nos dez meses do ano, três são ligados à construção civil: serventes de obras (1.073), pedreiro (258) e carpinteiro (183). Meschini recorda que essas colocações são relacionadas tanto a investimentos públicos quanto privados.
“A Baixada está com números positivos acima do que imaginávamos. A construção civil é uma área com um pouco mais de estabilidade. São frentes de trabalho que duram no mínimo 36 meses”, diz Chagas.
Retomada de outras áreas tem ritmo lento
Das oito áreas econômicas regionais, apenas outras três tiveram variação positiva no acumulado do ano: serviços industriais de utilidade pública (85 postos), atividades rurais (70 vagas) e administração pública (18).
“O desemprego vem caindo lenta e gradativamente no País, seguindo os passos morosos da recuperação econômica e demonstrando um cenário ainda preocupante para o próximo ano”, afirma Fernando Chagas.
Apesar de os setores comércio (-498), indústria (-209) e serviços (-1.997) encerrarem o terceiro trimestre no vermelho, alguns subsetores tiveram variação positiva no período. As atividades industriais de metalurgia (79), material de transporte (46), elétrico (24) e de borracha (9) geraram mais vagas que demissões.
Dificuldade
Principal motor da economia regional, os serviços ainda patinam para retornar ao patamar anterior à crise financeira. O segmento foi o que mais demitiu, com o fechamento de 1.997 vagas com carteira assinada. “A prestação de serviços é o último setor a retomar o fôlego normal”, pondera Chagas.
Apenas três segmentos desse setor tiveram saldo azul no ano: instituições financeiras (23), serviços médicos e odontológicos (451) e educação (971). O economista afirma que essas atividades são as primeiras dentre a gama de serviços a se recuperar quando a economia começa e engrenar.
Um em cada quatro procura emprego há mais de dois anos
Uma em cada quatro pessoas está à procura de empego há mais de dois anos no Brasil. É o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No total, são cerca de 3,2 milhões de trabalhadores nessa condição.
Baixa escolaridade e pouca experiência são fatores a afastar esse grupo do mercado de trabalho. Ainda segundo o IBGE, cerca de 1,8 milhão - 7,1% dos desocupados - estava há menos de um mês procurando uma recolocação.
A taxa de desemprego no País no terceiro trimestre deste ano, divulgada no fim de outubro, ficou em 11,8%, pouco abaixo dos 12% no segundo trimestre.
“Estar desempregado desanima qualquer um. Passamos por uma grave crise e muito profissional qualificado saiu do mercado por ter salários altos ou para que quadros fossem enxugados”, avalia a consultora de Recursos Humanos e professora universitária Rita Zaher.
Drama
Ainda segundo o IBGE, três em cada 10 paulistas de 18 a 24 anos buscam uma colocação no mercado de trabalho. O número quase três vezes superior à média estadual geral. Especialistas avaliam que a baixa experiência e elevado estoque de mão de obras dificultam que os mais novos entrem no mercado de trabalho.
“Está difícil. O que pesa é a pouca vivência na área em que busco um trabalho”, diz a estudante Yasmin Gaspar, 18 anos, que está há mais de seis meses caça a primeira oportunidade profissional.
Segundo o economista e professor universitário Jorge Manuel de Souza, a falta de oportunidades aos mais jovens é mais aguda na Baixada Santista. O motivo é a carência de vagas de qualidade na região, fazendo com que eles saiam em busca de melhores chances.
Segundo o economista e professor universitário Jorge Manuel de Souza, a falta de oportunidades aos mais jovens é mais aguda na Baixada Santista. O motivo é a carência de vagas de qualidade na região, fazendo com que eles saiam em busca de melhores chances.
Fonte: https://www.atribuna.com.br/
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