Houve uma recuperação em 2018, ainda muito pequena. As contratações aumentaram em 2019. De janeiro a setembro, mais de 100 mil vagas foram reabertas.
Construção civil começa da dar sinais de recuperação
A construção civil foi um dos setores que mais sentiram os efeitos da crise na economia. Mas está começando a dar sinais de recuperação.
A obra começou em maio e foi um alívio para Claudio. Ele ficou mais de um ano parado, passou aperto. “Tentava, mandava currículo, ia nas obras, falava com conhecido, mas tava uma crise braba”, lembra Claudio Basilio, almoxarife.
O mestre de obras Manoel Bento da Silva lembra do início da construção. Não podia deixar o portão aberto, que fazia fila de candidato. Todo dia, ele via a parte mais triste da crise: “teve um dia que chegou uma senhora e perguntou se tava precisando de pedreiro. Eu falei: 'não, moça'. E ela falou: ‘moço, pelo amor de Deus. Arruma um serviço pro meu marido e já faz mais de um ano que ele tá parado’. Começou a descer água do olho e chegou a me comover também”.
A construção civil precisa de muita mão de obra. Toda vez que começam a levantar um prédio, a abrir uma estrada ou a construir uma ponte, muita gente começa a trabalhar. Mas o outro lado da moeda também é verdade. Quando esse setor entra em crise, o desemprego é grande.
A atual crise da construção civil vem de 2014. Mais de 100 mil postos de trabalho foram fechados. E a situação piorou nos três anos seguintes. Quase um milhão de empregos desapareceram.
Houve uma recuperação em 2018 ainda muito pequena. As contratações aumentaram este ano. De janeiro a setembro, mais de 100 mil vagas foram reabertas.
Os primeiros sinais de melhora aparecem nos stands de vendas. As construtoras estão fechando mais contratos. “As pessoas estão percebendo que o mercado tá melhorando e aliado a uma taxa Selic em baixa, no valor mais baixo da história. Ao invés de deixar o dinheiro no banco, ele tira o dinheiro da aplicação dele e coloca no imóvel, que é algo seguro, que é algo concreto”, destaca Rodrigo Mauro, sócio diretor da construtora.
Quem trabalha na obra volta a ter salário. E quando o pedreiro pode gastar, a empresa de marmita e o restaurante, por exemplo também faturam e contratam. “Esse setor não tá isolado da economia. Ele depende de serviços, bens industriais, depende de uma série de outros insumos que são alocados para o setor de construção civil. Óbvio que uma vez que esse setor cresça isso vai impulsionar o emprego nos demais setores fornecedores’, diz Sergio Firpo, professor de economia do Insper.
A recuperação ainda é pequena, mas já fez o Raimundo respirar aliviado. Ele vai ser papai e já sonha com o futuro do filho. “Durmo feliz. Ainda mais agora que vai vir um menino fico mais feliz ainda - saber que eu não vou faltar nada pra ele, coisa que eu não tive lá no passado, quero dar pra ele agora”, conta Raimundo dos Santos Filho, carpinteiro.
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