Crescimento acompanhado de um retorno do emprego formal na construção civil e aumento do consumo compõem a expectativa para o próximo ano. Com as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2019 a 1%, e de mais de 2% em 2020, a perspectiva é de retomada. Por outro lado, a carne bovina deve continuar pesando no bolso, e o leite pode ficar mais caro.
Para a economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Daniela Britto, a confiança dos empresários deve favorecer a demanda. “O ambiente macroeconômico está melhor, com a queda da taxa de juros e inflação sob controle. Há expansão do crédito, o cenário político não está tão conturbado como estava no primeiro semestre. Isso tende a elevar o crescimento da demanda de consumo e dos investimento”, diz ela.
No setor, a maior expectativa é com a construção civil, que gerou 23,2% dos empregos da indústria em 2018 – e dá sinais de recuperação, com crescimento de 2,3% para o país. “Taxas de juros e condições melhores de crédito devem ajudar a construção depois de longos anos de queda”, projeta a economista.
Segundo o coordenador do curso de economia do Ibmec-MG, Márcio Salvato, os empregos na construção vão ajudar a diminuir a informalidade. Segundo o IBGE, o terceiro trimestre terminou com quatro em cada dez trabalhadores brasileiros sem carteira assinada. “É um setor que emprega muito, principalmente mão de obra menos qualificada. Essas pessoas, que não estavam tendo posição no mercado formal voltam a ter”.
A indústria extrativa também gera expectativa de retomada com a volta da Samarco em Mariana, na região Central, programada para o fim de 2020. A mineradora está com atividades suspensas desde 2015, após a tragédia da barragem de Fundão.
Em 2019, a indústria extrativa também recuou 24,6% de janeiro a setembro de 2019, impactada pela tragédia da Vale em Brumadinho e paralisações da atividade pelo Estado. “Não vejo uma diversificação do nosso parque produtivo. A mineração continua importante, mas com alguma observação ambiental”, diz Salvato.
Consumo
A melhora na confiança do consumidor refletirá nos setores de comércio e serviços. Para 2020, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) prevê crescimento de 2,1% para o setor em Minas Gerais. “A retomada em 2018 e 2019 veio em vestuário, calçados, acessórios, perfumes e cosméticos, setores que não demandam muito crédito. Mas, para 2020, a tendência é que automóveis, móveis e linha branca, que precisam de mais crédito, cresçam. A tendência é aumentar o endividamento à medida que o desemprego cai”, diz a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos.
No agronegócio, a previsão de safra recorde em grãos e bianualidade positiva no café vão ajudar os produtores. Mas, de acordo com a coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, a carne não deve baixar – e o leite pode subir. “O setor de carnes, que amargava uma depreciação de preços havia três anos”, diz ela. Já o leite deve subir com o aumento do consumo. “Elevando a renda das famílias, há um aumento por esse produto, o que aumenta o preço”, afirma Aline.
Acordo entre China e EUA é esperado
As conversas em andamento para o fim na guerra comercial entre Estados Unidos e China devem, no longo prazo, beneficiar o Brasil. Se, com a briga entre as duas potências, o país vendeu mais soja para os asiáticos e mais aço para os norte-americanos, a estabilidade entre ambos deve favorecer o ambiente econômico mundial. “Do ponto de vista estrutural, essa guerra comercial é ruim porque tem um efeito sobre o nível de incerteza global, que elevou muito. É uma trava aos investimentos globais”, diz Daniela Britto.
Para Márcio Salvato, com o Estado em crise fiscal, o investimento tem que vir do exterior. “Tem que haver um ambiente produtivo atraente aqui”, diz.
Fonte: https://www.otempo.com.br/
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