Preços em alta, muitas vezes, acima dos 10%. Diante de reclamações de leitor do Campo Grande News, que denunciou aumento abusivo de preços de materiais de construção, o Sinduscon (Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção de MS), confirmou que as dificuldades têm sido grandes.
Presidente da entidade, Amarildo Miranda Melo, afirma que os profissionais do setor, tanto construtoras quanto autônomos, têm feito esforço “tremendo e hercúleo” para manter os preços acordados com os clientes, que são tanto privados quanto públicos.
“A construção civil tem feito esforço tremendo, hercúleo, pra não fechar e manter a empregabilidade, porque o custo é sempre mais caro para parar uma obra e depois retomar. Então a gente diminui o ritmo, mas nunca para e assim, tentamos manter o preço que acordamos com o cliente, porque o prejuízo é sempre pra empresa”, afirma.
Levantamento da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), realizado entre 16 e 21 de julho com construtoras dos 27 estados brasileiros mostrou que a percepção de aumento dos materiais é nacional. Foram 462 pesquisados.
Na pesquisa, 95% das empresas identificaram alteração nos valores cobrados e o cimento foi o produto que mais apresentou aumento. Para 59% delas, o aumento foi de até 10%. Para 36%, o aumento foi acima de 10%. Nos estados Ceará, Mato Grosso e Pará, 100% das empresas responderam que tiveram aumento no referido material.
Quando a pergunta foi sobre aumento no preço do aço, 87% das empresas responderam que tiveram aumento durante o período da pandemia. Para 55% delas, o aumento foi de até 10%. Para 32%, o aumento foi acima de 10%.
Comparação - Apesar de detectarem esse acréscimo, na prática os dados do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil) revelam inflação acumulada de 1,47% entre janeiro e junho deste ano e de 3,52% em 12 meses. A explicação da diferença seria o fato do índice ser registrado com base em vários produtos, e não específico de itens que realmente têm apresentado aumento expressivo.
Segundo Melo, a realidade do aumento de preços de itens básicos como cimento e ferro revela um certo “oportunismo” das indústrias que fabricam tais materiais, afirmando que “é inoportuno por parte das indústrias esse aumento, parece coisa de oportunista. Sexta agora, por exemplo, tubulação subiu 19%”, lamenta.
Ele reclama ainda no momento de pandemia, era para tais empresas mostrarem cooperação, já que nada justificaria o crescimento abusivo nos valores de alguns produtos. “Isso causa ainda mais dificuldade na recuperação do setor, que este anjo estava numa crescente boa, mas aí veio a pandemia. A inflação está baixa, os juros estão baixos, por isso parece oportunismo de alguns setores”, sustenta.
Segundo leitor do Campo Grande News que enviou reclamação, o preço de um rolo de fio flexível de 2,5 mm, que custava em média de R$ 89,00 hoje não sai por menos de R$ 160,00. “Trabalho numa construtora e sou comprador por isso eu sei", disse, sem se identificar.
Para o presidente do Sinduscon, essa realidade causa desequilíbrio ainda nos contratos das construtoras com os governos, que geralmente não atendem pedidos de reequilíbrio dos contratos. “Daí ou atrasa a obra ou a empresa desiste da obra, e não consegue entregar produto que seria para um bem público”, afirma.
No setor privado, o prejuízo cai nas mãos do comprador do imóvel que está sendo construído, que deverá arcar com as altas. “Precisávamos reaquecer o mercado, porque é o que mais emprega no Brasil. Mas quem fornece matéria prima vem e faz isso, tem esse tipo de atitude em período de pandemia. Isso atrapalha o setor a se reerguer”, lamenta.
Além do cimento e do aço, a pesquisa da CBIC apontou aumento abusivo ainda em itens como concreto, bloco cerâmico, bloco de concreto e cabos elétricos.
- CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
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