FOTO: NATINHO RODRIGUES
De acordo com a Confederação, a falta de trabalhador qualificado é o principal problema apontado pelos empresários do setor hoje
O nível de atividade do setor, considerando todos os nichos, ficou abaixo dos 50 pontos pelo 5º mês seguidoSão Paulo O setor de construção civil começa 2012 mais frio, tanto na atividade da indústria - obras de infraestrutura, edifícios e serviços relacionados - quanto no crédito imobiliário residencial. Segundo dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o nível de atividade da construção, considerando todos os nichos, ficou abaixo dos 50 pontos pelo quinto mês seguido, em dezembro de 2011. Resultado menor que 50 pontos significa retração.
Esse indicador - que terminou o ano passado em 49,1- considera o desempenho da indústria em relação ao esperado em cada mês. Já na comparação com a atividade do mês anterior, o resultado de dezembro de 2011 foi ainda mais fraco: 47,6 pontos.
A pior situação em dezembro, na comparação com o desempenho esperado para o próprio mês, foi a das empresas de pequeno porte (45,6 pontos). Em relação ao ramo de atividade, é o de obras de infraestrutura que mais tem sofrido: encerrou o ano passado aos 48,4 pontos , e completou 11 meses seguidos abaixo dos 50 pontos.
DesempregoConsiderando todos os segmentos, o número de empregados caiu em dezembro pelo 2º mês seguido. O indicador ficou em 48 pontos. Ainda de acordo com a CNI, a falta de trabalhador qualificado é o principal problema apontado pelos empresários do setor hoje. Em seguida, aparecem a carga tributária elevada e o alto custo de mão de obra.
Mas, apesar desse cenário, o indicador que mede a confiança do empresariado no mercado subiu de 56,1 em dezembro de 2011, para 59,4 pontos em janeiro de 2012, o que reflete mais otimismo no setor.
No mercado residencial, as construtoras estão ajustando o número de lançamentos para evitar "encalhe" e queda dos preços. "As empresas vão se concentrar este ano em reduzir custos e apresentar resultados financeiros melhores", diz Octávio de Lazari Junior, novo presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
Crédito
Depois de manter um crescimento médio acima de 50% nos últimos sete anos, a expansão do crédito imobiliário residencial deve desacelerar em 2012 para 30%. A previsão da Abecip é que a concessão de novos empréstimos para compra da casa própria chegue perto de R$ 104 bilhões, neste ano.
Crédito imobiliário atinge R$ 80 bi em 2011
Os bancos concederam R$ 79,9 bilhões em empréstimos para a construção e compra de imóveis em 2011 com recursos da caderneta de poupança. O resultado é 42% maior do que em 2010 e novo recorde histórico do setor, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
No ano passado, foram financiados 493 mil imóveis --17% a mais do as 421 mil unidades do ano anterior-- com recursos do chamado SBPE (Sistema Brasieiro de Poupança e Empréstimos).
Na comparação com 2010, foram liberados R$ 23,7 bilhões a mais em financiamento no ano passado. Os dados da Abecip consideram apenas os financiamentos com recursos da caderneta de poupança.
Em 2011, a captação líquida da poupança somou R$ 9,4 bilhões. O saldo da caderneta cresceu mais de R$ 30 bilhões entre janeiro e dezembro e encerrou o ano passado em R$ 330,6 bi.
Para 2012, a Abecip prevê uma desaceleração nas concessões de novos financiamentos. A expectativa é que os empréstimos cresçam entre 30% e 35%, segundo Octavio de Lazari Junior, presidente da associação.
Até 2014Com o crescimento dos depósitos na poupança em ritmo bem menor ao da concessão de empréstimos imobiliários -65% dos recursos da caderneta são usados para financiar a casa própria- os bancos buscam alternativas para captar mais dinheiro e sustentar esse mercado. Até o ano passado, a previsão era que, em algum momento de 2013, os recursos da poupança não seriam mais suficientes para suprir o volume de crédito imobiliário. Mas, com a desaceleração prevista para o ritmo de concessão de novos empréstimos desse tipo em 2012, a expectativa agora é que a poupança "dure" até 2014.