O ano passado marcou uma virada na geração de empregos na construção civil em Santa Catarina. O setor registrou saldo positivo com a criação de 3.570 vagas, conforme o relatório mais recente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — dados até novembro. Esses números se contrastam com as dificuldades em 2017, que fechou 503 postos de trabalho no Estado, além de ter o segundo pior resultado entre as oito áreas analisadas pelo Caged.
Os maiores volumes de contratação ocorreram no início do ano. O setor teve saldo de 1.646 vagas geradas em janeiro. Já em abril foram 1.287 novos postos de trabalho. O acumulado de 2018 chegou a 4.336 empregos em agosto, mas diminuiu nos três meses seguintes. Entre os oito segmentos analisados no Caged, a construção civil foi o quarto que mais criou empregos em SC.
Esse ciclo de contratações é comum no setor. De acordo com Hélio Bairros, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Florianópolis, durante o segundo semestre, geralmente, há um grande número de obras encerradas e outras que são adiadas para o início do ano seguinte, que costuma ser o período em que mais empreendimentos são lançados.
O destaque catarinense é Itapema, onde a construção civil se tornou o segmento que mais gerou vagas de emprego entre janeiro e novembro de 2018. A possibilidade de morar na praia e o bom custo-benefício dos imóveis estão entre os motivos que atraem mais compradores para a região, conforme o presidente do Sinduscon de Itapema, João Formento.
Ele explica que os apartamentos do município são maiores por causa do Plano Diretor e da outorga onerosa, projeto aprovado na Câmara de Vereadores no ano passado e que possibilita mais construções.
— Na comparação com Balneário Camboriú, nossos apartamentos são cerca de 30% maiores e o preço é menor, então por isso está havendo essa procura. Por aqui os preços ainda estão dentro da normalidade porque há espaço para construir e os terrenos não são tão caros — explica.
O município teve saldo positivo de 684 postos de trabalho, sendo que 517 foram criados pelo setor e ocupados por engenheiros, arquitetos, mestres de obra, pedreiros, carpinteiros, serventes, entre outros profissionais.
Investimentos em cidades vizinhas
Os dados do Caged também demonstram que os empresários estão deslocando seus investimentos para municípios vizinhos dos principais mercados. Um exemplo é Camboriú, que teve saldo de 237 novas vagas de emprego na construção civil entre janeiro e novembro de 2018. Outro é Navegantes, que abriu ao longo do ano 273 postos de trabalho, dos quais praticamente metade (130) foram no setor.
Em Florianópolis, o saldo positivo foi de 379 empregos, tornando-se o segundo setor que mais gerou vagas na Capital catarinense atrás apenas de serviços. O número é superior a 2017, quando foram criados 161 postos de trabalho. Entretanto, naquele ano o segmento puxou a geração de empregos, já que a cidade fechou o ano com déficit de 3.694 vagas.
— Não houve aumento significativo de empregos e lançamentos. Mas ao menos encerramos o ano com um cenário favorável para 2019 –— analisa Hélio Bairros.
As situações em Blumenau e Joinville foram praticamente inversas. Após o setor fechar 155 postos de trabalho em 2017, no ano seguinte a cidade do Vale do Itajaí conseguiu se recuperar e atingiu saldo positivo de 332 empregos criados.
Por outro lado, a maior cidade do Estado enfrenta um momento difícil com o índice negativo de 116 vagas na construção civil em 2018, enquanto o ano anterior teve saldo de 92 empregos.
A expectativa dos empresários é que o número de contratações aumente em 2019. A possibilidade de retomada do setor, que está com os melhores indicadores dos últimos quatro anos, pode fazer com que vários profissionais que perderam espaço durante a crise econômica tenham uma recolocação no mercado.
— A área de engenharia foi a mais afetada, mas muitos pedreiros, carpinteiros, eletricistas e encanadores também perderam vagas nos últimos cinco anos. Com a expectativa de mais lançamentos neste ano, esses profissionais devem ser procurados para tocar os empreendimentos que estão sendo concebidos — afirma o presidente do Sinduscon de Florianópolis.
Déficit de mão de obra
Em Itapema, segundo o presidente do Sinduscon de Itapema, João Formento, algumas construtoras já enfrentam dificuldade para contratar profissionais com escolaridade e experiência. Ele prevê que o problema será recorrente se o setor crescer conforme o esperado, já que a mão de obra local estará ocupada e as empresas precisarão de mais funcionários.
— A grande demanda será por trabalhadores qualificados. Um exemplo é a nossa dificuldade em encontrar bons engenheiros de execução. Mestre de obras é outro problema porque não conseguimos achar mais profissionais por aqui — frisa Formento.