Os trabalhadores da construção civil de São Paulo cruzaram os braços desde as primeiras horas da manhã desta segunda-feira (27), após a negativa dos patrões às principais reivindicações da categoria.
Um grupo de trabalhadores se concentrou em frente à sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon – SP) a partir das 5 horas da manhã.
Os trabalhadores se dirigiram até o canteiro de obra da Construtora RFM, na Alameda Rio Claro, na Bela Vista, seguindo depois pela Avenida Paulista e Vale do Anhangabaú, até a Praça Roosevelt, onde fizeram uma assembleia e decidiram manter a greve por tempo indeterminado.
A mobilização não aconteceu apenas no Centro de São Paulo. Obras em Pirituba e em outras regiões da cidade também foram paralisadas por decisão dos próprios trabalhadores.
“Unidos venceremos mais essa batalha. Fizemos muitas tentativas de negociação com o sindicato patronal, mas a campanha salarial chegou a um impasse”, falou o presidente do sindicato, Antônio de Souza Ramalho, o Ramalho da Construção, no alto do carro de som que conduzia a passeata.
“Os patrões não querem ceder e nós também não vamos abrir mão de conquistas históricas, como eles querem, de aumento salarial digno e alimentação digna para esses trabalhadores tão sofridos, que dia após dia constroem esta cidade”.
“Por isso cruzamos os braços. Se os patrões não cederem, nenhum bloco será assentado nas grandes obras de São Paulo”, afirmou o presidente.
A pauta de reivindicações da categoria inclui aumento salarial de 5,07%, pisos salariais corrigidos em 5,7 %, vale refeição de R$ 35,00, café da manhã de qualidade e lanche da tarde, PLR de R$ 2,5 mil, de acordo com a lei 10.101/2000, pagos em meses a combinar, e seguro de vida obrigatório para todos os trabalhadores e seus dependentes (devido ao alto índice de acidentes no setor, essa é uma das principais reivindicações da categoria), entre outros pontos.
Durante a manifestação, Ramalho denunciou o cartel da construção civil, formado pelas grandes empresas que dominam o sindicato patronal (Sinduscon), de ser o responsável por dificultar a negociação com os trabalhadores. “Eu até defendo os pequenos e médios empreiteiros, porque não são as 33 mil empresas de construções que decidem a Convenção Coletiva. São as 50 grandes do cartel que decidem e que não querem abrir mão de nada. O coração desse pessoal é o bolso. Eles culpam a crise, mas mesmo com crise, o valor do metro quadrado dos imóveis não caiu”, disse.
Na última sexta-feira, o presidente da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Miguel Torres, se solidarizou com a luta dos companheiros da construção civil e a greve.
“É fundamental que as demais categorias apoiem a paralisação, pois a união faz a força e uma expressiva conquista coletiva na Construção Civil servirá de parâmetro para as demais categorias que estão ou entrarão em campanha salarial”, disse.
Os dirigentes do sindicato também se manifestaram pela Greve Geral do dia 14 de junho contra a reforma da Previdência, convocada pelas centrais sindicais, e convocaram os trabalhadores da construção civil a se unirem aos demais trabalhadores nessa luta.
Fonte: horadopovo.org.br
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