sábado, 20 de agosto de 2011

Depredação e invasões nos canteiros de obras

Sinduscon assegura que o prejuízo financeiro nos canteiros, que foram depredados, chega a R$ 400 mil
A manhã e início da tarde de ontem foram marcados por manifestações de operários da construção civil, promovidas pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF). Vários pontos da cidade foram marcados por invasões e depredações em canteiros de obras espalhados por Fortaleza.

Os dados preliminares do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), apontam que 54 obras sofreram este tipo de ações dos manifestantes.

Prejuízos
Na Avenida Beira-Mar, soma-se três canteiros invadidos. Como o conjunto de flats Landscape, que teve sua obra invadida e depredada por volta das 9h30. O refeitório foi completamente destruído. Pelo chão, estilhaços de pratos e copos, além de bebedouros quebrados.

"O piquet era composto por 15 pessoas, que derrubaram o portão e quebraram tudo. Por sorte, ninguém se feriu, pois eles atiraram pedras nos operários que estavam trabalhando", informou o engenheiro responsável pela construção, Roberto Martins.

Somente no Landscape trabalham 400 operários, que foram obrigados a parar as atividades, caso contrário as ações de depredação continuariam. "Eles disseram que aquela ação não era nada, e sim o começo", disse o encarregado de campo Rudenberg da Silva, 45 anos.

O Centro de Eventos do Ceará também teve sua construção parada. Segundo o engenheiro do Departamento de Arquitetura e Engenharia do Estado do Ceará (DAE), Artur Façanha, os sindicalistas fizeram uma mobilização por volta das 6h30, mas não impediram ninguém de entrar no canteiro de obras. "Os 600 funcionários tomaram o café da manhã aqui no Centro, mas depois foram embora, ou seja, aderiram a mobilização. Caso resolvessem trabalhar, teria acontecido conflito", disse.

O presidente do Sinduscon, Roberto Sérgio Ferreira, avalia que o prejuízo financeiro nos canteiros que foram depredados chegue a R$ 400 mil. "Já registramos as queixas na delegacia e vamos entrar com ação de perdas e danos contra o STICCRMF", comunicou Ferreira. Ele acrescentou

O vice-coordenador do Sindicato dos Trabalhadores, Laércio Silva, nega qualquer envolvimento da categoria nestas ações. E afirma que foram feitas 50 mobilização em obras da cidade, em solidariedade as famílias dos operários.

Além destas ações, foi realizada em frente ao Hospital do Exército, na Avenida Desembargador Moreira uma concentração com os sindicalistas, que foram até a Procuradoria do Ministério Público do Trabalho. Segundo Silva, a categoria foi apresentar documento em que denuncia o crescente número de acidentes de trabalho em canteiros de obras e pedem providências. "Não orientamos qualquer ação desta natureza, repudiamos este tipo de conduta. Queremos apenas qualidade e segurança nos canteiros de obras".

As reivindicações objetivam o fim das mortes e acidentes de trabalho, condições adequadas de higiene e estrutura para refeitórios e banheiros melhoria na alimentação dos canteiros, utilização e fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), dentre outras bandeiras pela melhoria da qualidade de vida e de trabalho.

SRTE
Segundo informações de Dorellan Ponte Lima, do Setor de Segurança do trabalho da Superintendência Regional do Trabalho (SRTE), o órgão não tem acesso ao número total de acidentes e mortes, que são notificados muitas vezes apenas nos hospitais, delegacias e no INSS, porém ele informou que este ano estão em investigação 11 acidentes na construção civil, e deste quatro graves, com cinco mortes.

"Nós sabemos quando os familiares, a imprensa ou os sindicatos divulgam para a superintendência, temos acesso a cerca de 20% dos casos. Esse número é apenas a ponta do iceberg, pois tem subnotificação", disse Lima. A maioria dos acidentes envolve choques, quedas, impactos e mutilações.

O Sindicatos dos Trabalhadores e o Sinduscon-CE divergem quanto ao número de mortes. Enquanto os operários asseguram que houve um aumento de 128,5% em relação a 2010, o Sinduscon assegura que houve uma queda nos números: caiu de sete óbitos, em 2010, para quatro neste ano.

Vandalismo
Operários de um conjunto
400 de flat em construção foram obrigados a interromper o serviço sob a ameaça de serem linchados pelos manifestantes, na manhã de ontem

54 Depredações foram contabilizadas, na manhã de ontem, nos canteiros de obras de Fortaleza. Os dados são do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-CE)



Fonte: Diário do Nordeste

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