Ministério Público do Trabalho abriu investigação sobre proposta aprovada pela Câmara Municipal, mas vetada pelo Executivo.
Construção civil f (Foto: Reprodução/ TV Globo)
Um projeto de lei apresentado na Câmara Municipal de Mossoró, na região Oeste potiguar, prevê que 70% dos empregados das empresas de construção civil sejam moradores da cidade. A medida chamou atenção do Ministério Público do Trabalho, que resolveu abrir uma investigação sobre os possíveis efeitos da aprovação da proposta apresentada no dia 20 de fevereiro.
A medida foi aprovado pelos vereadores de Mossoró, mas vetada pela Prefeita Rosalba Ciarlini (PP) na última segunda-feira (4). A Câmara ainda pode revogar a o veto.
O projeto prevê que os candidatos a emprego na construção devem morar em Mossoró há no mínimo seis meses, provando isso por meio de comprovante de residência e título de eleitor. A fiscalização do cumprimento da lei, se aprovada, deve ser feita pelas entidades representativas das categorias profissionais e comunicada aos órgãos competentes da Prefeitura.
No caso de as empresas descumprirem a lei e tiverem menos de 70% de empregados moradores da cidade podem ser autuadas a pagar multa no valor de 50 salários da categoria e suspensão temporária ou definitiva do alvará de funcionamento e das atividades. A autora da proposta é a vereadora Sandra Rosado (PSB).
Ela também prevê que pelo menos 15% das vagas sejam ocupadas por mulheres.
Para o procurador do MPT, Gleydson Gadelha, a matéria pode ser interpretada como discriminação de trabalhadores em virtude da origem. “O projeto tem o potencial de trazer danos irreparáveis ou de difícil reparação. Primeiro, aos trabalhadores de outras localidades, com o direito ao trabalho cerceado de maneira indevida; aos próprios trabalhadores e ao Município, que pode ter sua norma atacada de maneira recorrente”, explica o procurador.
Para o MPT, a norma afronta a convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho, que veta toda forma de discriminação nas relações de trabalho. A convenção virou lei no Brasil.
Para a vereadora Sandra Rosado, porém, não há reserva de mercado ou discriminação. "O que acontece é que muitas empresas chegam aqui e trazem todos os funcionários de fora. Agora mesmo tem uma com 100 operários, sendo que 20 são daqui e 80 de outros estados", considerou.
"Quando chega o final de semana, esses trabalhadores vão para outros estados e os recursos não ficam na cidade. Quando o empregado é local, compra roupa aqui, compra remédio aqui, o dinheiro fica na cidade", argumenta.
Para ela, as empresas ainde poderão contratar trabalhadores de outros lugares, dentro dos 30%, o que não cria empecilho na aquisição de mão de obra qualificada.
Fonte: g1.globo.com
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