Tijolo por tijolo, Santa Catarina está reedificando a construção civil. O mês de outubro marcou o maior nível de atividade estadual do setor desde agosto de 2014. O índice que compara a operação catarinense com o mês anterior também alcançou a maior número desde maio de 2014. São os primeiros indícios de que o Estado está voltando ao panorama pré-crise.
Na comparação entre as pesquisas do Observatório da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Santa Catarina aparece com indicadores superiores à média brasileira. As instituições utilizam metodologias semelhantes para elaborar relatórios mensais sobre a atividade e o nível de confiança da construção civil.
Uma das primeiras evidências do crescimento do setor é a venda de materiais de construção. Rudi Soares, presidente da Associação dos Comerciantes de Material de Construção de Joinville (Acomac), afirma que a queda de vendas chegou a 54% no auge da crise econômica. Porém, nos últimos meses houve uma mudança de cenário, com incremento considerável no volume de vendas.
– É normal ter crescimento no fim do ano por causa das obras de acabamento, mas dessa vez está acima do normal, o que é estimulante e encorajador para os empresários. Percebemos que neste final de ano devemos ter acréscimo acima de 10% na revenda de materiais de construção e produtos assemelhados, como acabamento e azulejos – destaca.
O presidente da Acomac explica que durante a crise econômica houve redução no lançamento de novas construções, o que afetou também a venda de produtos. Nesse período, o foco dos lojistas foi concentrado na área de reformas e acabamentos.
Ele confia que o otimismo do mercado será revertido em aumento nas vendas de materiais de construção. Para o empresário, o volume deve crescer em 2019 e superar os anos anteriores em 25%.
O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, acredita na retomada do setor a partir de 2019. Com o crescimento da construção civil, o próximo ano deve ter diversos lançamentos em Santa Catarina, provocando aumento em um setor que foi afetado de formas distintas nas regiões do Estado.
– Hoje há uma recuperação em Joinville. Blumenau também sofreu bastante nos últimos anos. Mas se você olhar para o município de Itapema, praticamente não houve crise na construção civil. Chapecó também não teve tanto problema por ter uma economia muito baseada no setor agrícola do Estado – analisa.
Otimismo para investir e empregar
Com o aumento da atividade no último trimestre e os sinais de melhora na economia, a expectativa dos empresários com o futuro da construção civil em Santa Catarina está sendo refletida em indicadores. A intenção de investir no Estado alcançou em outubro o maior índice desde julho de 2014, superando a média brasileira em 18,4 pontos. Os dados são do Observatório da Fiesc e da CNI.
Antônio Moser, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de Santa Catarina (Sindimóveis), acredita que o otimismo do mercado e a confiança empresarial em realizar mais investimentos gera um ciclo positivo para o setor. Para o dirigente, a tendência é que nos próximos meses os patamares pré-crise sejam atingidos e até superados.
– Muitas vezes não é só o fato da economia em baixa, porque sempre há pessoas com potencial de investimento. Porém, em virtude da desconfiança do mercado, o investidor acaba aguardando. Claramente percebe-se que essa confiança vem crescendo e gera esperança, então há um certo movimento de compra e venda – observa.
Com a expectativa crescente por investimentos, aumenta também a perspectiva de crescer o número de empregados no setor. Conforme dados do Observatório da Fiesc, a expectativa de contratação para o setor é a maior desde maio de 2014, igualando o índice nacional.
Atualmente, Santa Catarina tem 90 mil trabalhadores no setor da construção civil, que soma 15 mil empresas — cerca de 12% dos negócios formais do Estado. O saldo de empregos em 2018 tem sido positivo, segundo dados do Ministério do Trabalho. De janeiro a outubro houve variação positiva de 4.197 vagas, contrariando a tendência de 2017, que terminou com redução de 503 postos de trabalho.
– A construção civil é uma área que demanda com maior rapidez novos empregos, além de puxar outros setores e criar vagas de forma indireta. Será o grande gerador de vagas no curto prazo se essas perspectivas se concretizarem – opina o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) em Joinville, Vilson Buss.
Outro indicador nacional publicado pela CNI, o índice de Confiança do Empresário da Construção, registrou 60,7 pontos em novembro. O resultado é 8,6 pontos acima do registrado em outubro e representa o maior valor desde maio de 2012. Além disso, o nível de confiança foi 7,8 pontos a mais que sua média histórica, de 52,9 pontos.
— Nossa expectativa é de uma melhora significativa. Toda indústria imobiliária está se preparando para esse crescimento. Os terrenos estão comprados, os projetos estão aprovados e com a retomada do crescimento e das vendas vamos ter cada vez mais lançamentos e, aí sim, conseguiremos gerar mais empregos — finaliza o presidente da Sinduscon de Blumenau, Marcos Bellicanta.
Fonte: www.nsctotal.com.br
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