Um dos setores mais penalizados pela crise econômica que atingiu o País desde 2014, a indústria da construção civil começou a mostrar sinais de recuperação, com redução de estoques e realização de novos lançamentos. No Ceará, o setor iniciou 2018 com um estoque estimado em cerca de 11 mil imóveis e deve fechar o ano com 7 mil, o que representa uma queda de 36%. Segundo André Montenegro, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), a expectativa é que o nível de estoques no Estado chegue ao patamar médio já no primeiro semestre de 2019, ficando em torno de 6 mil unidades.
"A partir do meio do ano, a gente começou a ver uma retomada e, após as eleições, as pessoas passaram a ter mais confiança, o que fez as vendas acelerarem", afirma Montenegro. "Acredito que no primeiro trimestre, a gente já retorna aos patamares de estoque anteriores à crise. Normalmente, a região Sudeste sai primeiro das crises. São Paulo já está com estoques regulares, e em breve nós estaremos nos mesmos patamares".
A expectativa acompanha as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro que, após apresentar quedas em 2015 (-3,77%) e 2016 (-3,59%) e leve alta em 2017 (0,98%), deve crescer 1,39% neste ano e 2,50% em 2019, segundo projeção do Banco Central. "A gente termina 2018 com a esperança renovada, aguardando o início desse novo governo, que tem mostrado uma política liberal e favorável aos negócios. O que a gente espera é que se consolide essa visão", diz Montenegro.
Segundo divulgou a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), em sondagem referente a outubro, embora o nível de atividade da indústria da construção ainda não tivesse apresentado resultados robustos de melhora, os indicadores de expectativas "mostram um otimismo expressivo dos empresários do setor". O índice de Confiança do Empresário da Construção (ICEI-Construção) registrou 60,7 pontos em novembro, 8,6 pontos acima do registrado em outubro e o maior valor desde maio de 2012.
Minha Casa
O presidente do Sinduscon-CE diz que, durante o período de crise, o que "segurou" o mercado imobiliário local foi o programa Minha Casa Minha Vida que, segundo ele, representara cerca de 70% das vendas no Ceará, enquanto, no Brasil, o segmento foi responsável por aproximadamente 50% do mercado. "Nesse setor não ocorreu crise em 2018. Houve casos de falta de recursos para financiar esses imóveis".
Com o fim das eleições e a redução das incertezas, o mercado de imóveis residenciais deve entrar em um novo ciclo a partir do ano que vem. Em São Paulo, o número de novas unidades, até outubro, já havia superado o do ano passado, e os lançamentos devem encerrar 2018 com alta de 5% a 10%, segundo analistas.
Com a melhora da confiança, o ano de 2019 deve marcar a volta dos lançamentos, impulsionando toda a indústria da construção. "A perspectiva é a melhor possível", diz Ricardo Bezerra, sócio-diretor da Lopes Immobilis. "Existe uma onda de otimismo muito grande, com a economia nos trilhos, com o País voltando a crescer, e a expectativa é muito positiva especialmente para o mercado imobiliário".
Vendas
Embora o ano de 2018 possa terminar praticamente sem crescimento nas vendas, se comparado com 2017, estes últimos meses apresentam números mais fortes do que em 2017. Segundo dados da Lopes Immobilis, o número de unidades vendidas na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) em outubro (204) foi 6% maior do que em igual mês do ano passado. E o Valor Geral de Vendas (VGV) no mês, R$ 165 milhões, cresceu 12%.
"Com os lançamentos de dezembro, fecharemos 2018 com o dobro de novas unidades em relação ao número de 2017", diz Bezerra. Além disso, o desconto nos imóveis em Fortaleza vem caindo, nos últimos meses.
Estoques
"Há cinco meses, tínhamos um desconto médio de 25%, e em outubro passou para 18%. Isso significa que as construtoras já reequilibraram os seus estoques, e aquela oportunidade de comprar com muito desconto já está acabando".
A Associação das Indústrias de Material de Construção (Abramat) aposta num aumento nas vendas de, pelo menos, 1,5% no ano para o setor da construção civil. No mesmo ritmo, o setor de máquinas de construção tende também a crescer 40% neste ano, segundo estimativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema).
De acordo com a Cbic, desde agosto deste ano, as expectativas revelavam um sentimento menos favorável da indústria da construção, que foi revertido com os resultados de outubro. Os indicadores de novos empreendimentos e compras de insumo e matérias-primas foram os que mais cresceram, 4,5 e 3,9 pontos respectivamente, na comparação mensal. As expectativas quanto ao nível de atividade e número de empregados aumentaram 3,7 e 3,8, respectivamente, na mesma base de comparação.
Já o índice de intenção de investimento (compras de máquinas e equipamentos, pesquisa e desenvolvimento, inovação de produto ou processo) registrou 32,5 pontos em novembro, mesmo valor registrado no mês passado. Enquanto o Índice de Confiança do Empresário da Construção (ICEI-Construção) registrou 60,7 pontos em novembro, 8,6 pontos acima do ocorrido em outubro, e o maior valor desde maio de 2012.
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br
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