sábado, 29 de agosto de 2020

O pós-pandemia da construção civil

 

Transformações iniciadas nos últimos meses se estenderão muito além da pandemia. Já em curso, uma nova relação entre pessoas e imóveis irá gerar série de mudanças quanto a seu uso, sua posse, a entrega da indústria e as fontes que a financiam. A construção civil será outra em poucos anos.

Crédito: Evandro Rodrigues

Uma tímida recuperação econômica possibilitou ao setor da construção crescer por pouco mais de um ano. Antes que demanda reprimida e política monetária esgotassem seus efeitos e que a observação de tendências se fizesse necessária para a continuidade da expansão, chegou a Covid-19.

Apesar do impacto da pandemia, a Selic mais baixa da história possibilita que segmentos mantenham-se ativos, caso de lançamentos voltados à classe média. Famílias que mantiveram suas rendas podem hoje gastar menos com prestações que com aluguel. No alto padrão, mais que qualquer outra característica, é o tamanho das unidades que determina suas vendas. Diante da generalização do home office, maior é melhor. Além do trabalho, um número crescente de atividades será feito remotamente – o que tornará banal o hábito de se morar por períodos variados em diferentes imóveis, cidades e países.

Há tempos o consumo volta-se ao uso e não mais à posse. Pelas suas características, o setor leva mais tempo para assimilar essas tendências que, a partir da pandemia, serão determinantes já nos próximos anos, um futuro imediato para uma indústria que leva, geralmente, 36 meses para concluir suas obras.

Estranho para os mais jovens, o “sonho da casa própria” deixará de ser a força motriz da construção civil, papel que mantém no País por conta da inflação elevada que marcou um período não vivenciado por boa parte dos consumidores atuais. A sensação de segurança que a propriedade proporciona é corroída pela baixa liquidez e perde sentido em uma economia estável. Mundialmente, startups já se notabilizaram pela oferta da moradia como serviço. Com gestão e locação, os fundos imobiliários são os que mais exploram esse mercado.

Dada a falta de perspectiva de que o segmento comercial vá se recuperar, os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) brasileiros mudarão rapidamente o perfil de suas carteiras. Edifícios que não voltarão a abrigar escritórios já fazem grupos da construção civil criarem áreas voltadas à adequação de imóveis para uso residencial por meio de retrofit.

Particularmente nos Estados Unidos, o crowdfunding imobiliário é um dos motores do segmento. Financia compra e adequação de imóveis para repassá-los a fundos. No Brasil, o modelo cresce por oferecer capital mais barato que as fontes usadas por empresas para etapas não contempladas pelo crédito de bancos ao setor e pela rentabilidade proporcionada a investidores. Mais familiarizadas com o financiamento ao retrofit – até pelo modelo que importaram – as fintechs do crowdfunding poderão, particularmente em sua fase de expansão, ser uma de suas principais fontes de recursos.

A construção civil começa a olhar além da taxa de juros para se recuperar e, no futuro, crescer de forma sustentável. Seja pelos reflexos da crise, pelo novo tipo de consumo ou pela sua relação com os espaços urbanos, o setor, forçosamente, seguirá rumos que levaram a indústria em outras economias às bases que a sustentam hoje.

Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br/

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Cadastro de currículo no RJ e MG para trabalhar em obras de construção civil e industrial na Companhia Brasileira de Serviços de Infraestrutura (CBSI)

Construa sua carreira na Companhia Brasileira de Serviços de Infraestrutura! Cadastro de currículo nas áreas da construção civil e industrial.

Cadastre o seu currículo e concorra as vagas de emprego para trabalhar em contratos de construção civil e industrial no RJ e MG na Companhia Brasileira de Serviços de Infraestrutura (CBSI). Atenção a empresa informa que as oportunidades são para moradores da região. Se inscreva também, processo seletivo aberto hoje (26/08) por Empresa de RH demanda vagas de emprego de ensino médio, técnico e superior para trabalhar em indústria

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CBSI é uma Companhia Brasileira de Serviços de Infraestrutura foi fundada em 2011 a partir de uma Joint Venture entre a CSN e a CKTR.

Está presente nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná. Atua no segmento de serviços de infraestrutura com o compromisso de oferecer serviços corporativos com mão de obra qualificada e dedicada, com diferencial competitivo, sempre visando a satisfação e fidelização de seus clientes.

ATENÇÃO! O Click Petróleo e Gás não é responsável pelas candidaturas, as vagas de emprego para trabalhar na construção civil postadas abaixo são externas e podem ser preenchidas a qualquer momento pela Companhia Brasileira de Serviços de Infraestrutura (CBSI)

Confira abaixo todos os cargos convocados pela CBSI nas áreas de construção civil e industrial no RJ e MG e envie o seu currículo!

Vagas CBSI Arcos- MG

  • Motoristas de Caminhão Basculante
  • Operador de Pá de Carregadeira
  • Operador de Escavadeira Hidráulica
  • Almoxarife

Requisitos: Residir em Arcos ou cidades próximas

Inscrição: Interessados nas vagas de emprego acima devem enviar o seu currículo até o dia 10 de setembro de 2020 para selecaocongonhas@cbsi.com.br, escreva no título do e-mail a vaga que você deseja concorrer.

Vagas CBSI Volta Redonda e Itaguaí no RJ

Inscrição: Interessados nas vagas de emprego acima devem cadastrar o currículo até 07 de setembro diretamente no site da empresa clicando aqui

Fonte: https://clickpetroleoegas.com.br/ 


sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Na contramão, agro e construção geram vagas em 2020

 Na contramão, agro e construção geram vagas em 2020

No primeiro semestre deste ano, o Brasil perdeu de 1,2 milhão de empregos formais por causa da pandemia de covid-19, interrompendo uma retomada tímida no mercado de trabalho iniciada em 2019. Mas um grupo de pequenos municípios conseguiu passar por esse período com um saldo positivo de vagas. Parte deles tem sua economia ligada à agroindústria, parte tem visto mais dinamismo na construção civil, dois setores que, nesses casos, ajudaram a compensar a queda registrada nos serviços e no comércio.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a maioria – 60% – dos municípios ou ficou no negativo ou não criou emprego algum neste ano. O que deixa em evidência lugares como Venâncio Aires (3.778 vagas) e Santa Cruz do Sul (2.847), ambos produtores de fumo no interior do Rio Grande do Sul.

Eles aparecem em primeiro e terceiro lugar, respectivamente, no ranking dos que mais criaram vagas formais em 2020. Ali, o fechamento temporário das fábricas de cigarro da região e das unidades de processamento de fumo para exportação, como medida de prevenção ao coronavírus, resultou no prolongamento do período de processamento da safra, durante o qual são contratados milhares de temporários, chamados safristas, pelo regime CLT. O Brasil é o maior exportador de folha de tabaco do mundo e o Rio Grande do Sul o principal produtor.

“O que ocorreu na região foi uma bolha, por causa da pandemia”, afirma Ricardo Sehn, administrador do sindicato dos trabalhadores na indústria do fumo e alimentos de Venâncio Aires. Ele conta que a manutenção do emprego na indústria do fumo ajudou a conservar empregos em outros segmentos, como o processamento do mate, cujo consumo cresceu durante a pandemia e também ajudou a criar vagas na região.

“Há empresas que terão contratos avançando até outubro”, explicou Sérgio Pacheco, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação de Santa Cruz (Stifa). Atualmente são 8,3 mil trabalhadores em atividade em Santa Cruz do Sul. Segundo ele, o salário dos safristas injeta em torno de R$ 10 milhões por mês na cidade, permitindo a circulação da economia local mesmo em tempos de pandemia.

Ainda na região Sul, Chapecó, município conhecido como a capital da agroindústria, criou um saldo de 1.725 empregos, mas a indústria local empregou mais 3.066 pessoas, segundo o Caged, mostrando que as contratações no setor mais que compensaram as demissões nos demais segmentos da economia local.

O município tem unidades de grandes processadoras de carnes e empresas do setor metalomecânico que atende frigoríficos da região. Plásticos, embalagens, transportes, móveis, bebidas, software e biotecnologia são outros segmentos industriais locais.

De acordo com Jorge de Lima, gerente-executivo do Sindicarne, que reúne as indústrias de carnes de Santa Catarina, o Estado tem batido recordes de exportação por causa da demanda asiática, em especial a chinesa, que aumentou depois que a peste suína africana dizimou boa parte do rebanho dessa região do mundo. “Só durante a pandemia houve 1,5 mil contratações e não estou falando de reposição de empregados afastados por estarem no grupo de risco para o coronavírus. São novos postos”, afirma o gerente-executivo.

Citando dados da Esalq-USP, ele afirma que a cada emprego formal gerado na indústria local outros oito são criados em setores de apoio, como embalagens e transporte.

No Pará, o município de Paraupebas (3.141 vagas), segundo lugar no ranking e mais conhecido por estar assentado na maior província mineral do mundo, a Serra dos Carajás, é um caso raro de município que criou empregos em quase todos os setores, com destaque para a construção (1.373), especialmente aquela relacionada a obras públicas, e serviços (1.256).

Além do município paraense, Rio Verde, em Goiás, viu o emprego crescer mais na construção civil, embora a cidade também seja um polo agroindustrial no sul do Estado. Ali, a construção de obras de infraestrutura respondeu por quase a totalidade dos 1.868 empregos formais gerados no primeiro semestre deste ano.

Na lista dos dez municípios mais empregadores – em que não há nenhuma capital -, a indústria, ligada ao agronegócio ou não, foi o setor que puxou o mercado de trabalho.

As duas capitais mais bem colocadas são Rio Branco, no Acre (1.116 vagas), e São Luís (1.442), no Maranhão. Em ambas, o setor de serviços – administrativos, no primeiro caso, e de seguridade e saúde, no segundo – foi o que puxou o saldo positivo.

Fonte: Valor Econômico.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Pandemia inflaciona custo da construção civil em Minas

Mudanças positivas: construção civil retoma crescimento - O PETRÓLEO
Boom na construção civil, aumento de preços nos materiais usados muito acima do índice inflacionário. Esse é o panorama vivido pelo setor, decorrente do incremento de reformas e ampliações, principalmente residenciais, durante o período da pandemia do novo coronavírus constatado por reportagem do Estado de Minas na semana passada.

Enquanto a inflação do início da pandemia – março – até julho foi próxima de zero, integrantes do setor afirmam que houve um aumento geral de todos os itens utilizados na construção civil, que varia de 10% a 20%. O “campeão” da elevação de preços é o tijolo, que nos últimos dias ficou até 80% mais caro e desapareceu dos depósitos em algumas regiões, como o Norte de  Minas. O Sindicato da Indústria da Construçao Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG) informa que, de março a julho, o Custo Unitário Básico (CUB) por metro quadrado da construção, calculado pela entidade,  subiu 1,02%. Essa alta é justificada, em sua maior parcela, pelo incremento no custo com materiais de construção, que, no mesmo período, registrou elevação de 3,32%. Por outro lado, ressalta a entidade, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador  geral da inflação no país, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE) nesse mesmo período, ficou praticamente estável (-0,002%).

A assessora econômica do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, explica que o custo dos materiais  é apenas um dos componentes do CUB na construção civil, que compreende ainda a mão de obra, despesas administrativas e gastos com aluguel de equipamentos. A economista salienta que, no cálculo do CUB, o ítem “material” é composto por 26 “famílias”, nas quais estão distribuídos mais de  produtos. “Devemos lembrar que o cálculo é feito não somente com  materiais básicos como areia, cimento e brita, mas todos os produtos usados ao longo de toda construção, até o acabamento”, diz Ieda Vasconcelos.

“Em relação ao peso dos insumos dentro do indicado, é preciso destacar que ele varia de acordo com a característica de cada empreendimento”, observa a economista. Assim, considerando, por exemplo,  uma residência multifamiliar, o peso do cimento no custo com material de construção é de cerca de 4%. “Já  o  peso do bloco cerâmico (tijolo)  para alvenaria de vedação, também dentro do custo com material de construção, é de 10%”, completa a especialista.  Na prática, o tijolo corresponde a 10% do custo da  parte de alvenaria, que por sua vez, representa 10% do custo total de obra multifamiliar.

Contratos

Conforme o presidente do  Sinduscon, Geraldo Linhares,  desde o inídio da pandemie até agora, os insumos da construção civil que mais subiram de preço foram o aço, cimento, cabos elétricos, PV e tijolo. “O aumento dos preços dos materiais pressiona o custo da obra em relação à venda, prejudicando a lucratividade prevista pelas empresas. Mas, pior que a alta de preço é o desabastecimento e a demora na entrega dos produtos”, afirma Linhares.

O dirigente do Sinduscon destaca que o aumento de preços dos  materiais trouxe dificuldade para os construtores que fazem vendas antecipadas de imóveis com os preços pré-fixados, por por meio de financiamentoss. “Os contratos de venda de apartamentos firmados entre as construtoras e os compradores, especificamente os produtos econômicos (Minha casa Minha vida) e standard financiados por agentes financeiros, são fixos e irreajustáveis. Portanto, não cabem alinhamentos de preço”, comenta Linhares. Ele afirma que outro segmento “que está sendo bem impactado com esses preços abusivos”  é o setor de obras industriais e corporativas, que tem contratos firmados com grandes empresas do setor de mineração e também trabalham com o preço fixo e irreajustável pelo período de um ano.

Dono de uma grande revenda de produtos para construção civil em Montes Claros, o empresário Rogério Soares Rocha afirma que a escassez de materiais no setor é tamanha que há indústrias fazendo vendas para a entrega somente no fim do ano.  Essa situação, segundo ele, ocorre no fornecimento de materiais hidráulicos.  O comerciante disse que a falta de  materiais hidráulicos ocorre porque praticamente só existe no país uma fornecedora de resina de PVC, principal matéria-prima da produção de tubos e conexões. Esse produtor teria direcionado produção para o mercado internacional e aumentado os preços internos em até 35%.


Margem de lucro “esmagada”

Empresário, Felipe David aponta redução de ganhos e até prejuízos (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
Empresário, Felipe David aponta redução de ganhos e até prejuízos(foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
As consequências da elevação de preços de materiais de construção civil são sentidas na prática por Felipe David Luiz. Ele é dono de uma pequena construtora em Montes Claros, no Norte do estado, onde edifica casas para venda imediata, tendo como clientela pessoas de  classe média. Felipe afirma que  não pode mais repassar para os clientes o aumento de preços em contratos de vendas de casas com os valores pré-fixados.  “Neste caso, diante da elevação dos preços dos materiais de construção, temos esmagamento da margem de lucro – e em alguns casos, até prejuízos”, afirma o construtor.

Ele disse que ainda precisa fazer cálculo da planilha de custos. Mas acredita que, desde o início da pandemia, o custo final das obras de construção civil de residências aumentou em cerca de 10%, enquanto a inflação foi praticamente zerada de março a julho de 2020. Conforme o pequeno empresário, uma casa com boa qualidade de acabamento, com cerca de 100 metros quadrados de área construída,  com três tres quartos (sendo um suíte), sala, cozinha, banheiro social e garagem, situada em um bairro de classe média, está saindo hoje por cerca de R$ 300 mil em Montes Claros. Mas a tendência do custo da construção é aumentar por causa da oscilação de preços dos materiais depois da pandemia.

Também proprietário de uma firma que constrói casas em Montes Claros, o empresário Rafael Maia Mesquita afirma que nos últimos meses houve uma disparada de preços nos materiais de construção civil. “Alguns produtos subiram 50%, 60% e até 70%. Estamos enfrentando uma situação absurda.  Assim, vai ficar complicado  trabalhar”, reclama Mesquita. Ele considera  “abusivo” o aumento do preço do tijolo no Norte de Minas. “Subiu mais de 80%. Mas, tem cerâmica que aumentou o seu preço em até 100%, reclama. O preço médio do mileiro de tijolo em  Montes Claros, que era de R$ 480 até março, agora está em torno de R$ 850 ao consumidor. 

Conforme mostrou a reportagem do Estado de Minas, com o isolamento social, muitas pessoas aproveitaram o “fique em casa” para reformar ou ampliar suas residências. Assim, as vendas do setor de construção civil ganharam impulso por conta do consumo das famílias, o chamado “efeito formiguinha”. Como consequências, vieram a falta de produtos e o aumento de preços.

domingo, 16 de agosto de 2020

Na contramão da crise, a construção civil não pára

 

Enquanto muitos setores tiveram as atividades freadas pela pandemia do coronavírus ou precisaram suspender o trabalho, a construção civil é um dos ramos que segue em pleno vapor. A queda nos juros, a baixa rentabilidade de aplicações financeiras como a poupança e até mesmo o fato de as pessoas estarem mais tempo em casa e desejarem melhorar o espaço de convivência familiar ajudam a explicar o bom momento para construtoras, pedreiros e lojas de materiais de construção.

“Havia uma expectativa muito positiva para este ano, na construção civil. Com a chegada da pandemia, em março e abril, tememos muito o que aconteceria, mas, com o passar do tempo, fomos percebendo que o cenário não era tão ruim quanto se pensava no início”, diz o vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon/RS) e coordenador do escritório regional da entidade, Astor José Grüner.

Ele afirma, inclusive, que, embora estejam abaixo do imaginado para o ano, os resultados do setor devem superar os do ano passado. “Notamos uma perspectiva muito boa. O investimento em imóvel é seguro, pois não se perde. Em função da redução nos rendimentos de aplicação financeira, esse fluxo tem sido direcionado para a construção civil, em compra de imóveis prontos, aquisição na planta, construção e reformas”, analisa.

“Com a redução dos juros para aplicações financeiras, muitos que estavam adiando uma reforma ou construção, e tinham o dinheiro parado, decidiram investir em imóveis. É um investimento seguro, que não se perde.”

ASTOR JOSÉ GRÜNER – Vice-presidente do Sinduscon/RS

Pedreiro

Morador de Mato Leitão, o pedreiro Marcos Dullius, 44 anos, é prova de que o serviço não diminuiu na pandemia. Pelo contrário, alguns clientes precisam esperar até dois meses para que a obra seja iniciada. “Faço obras em Venâncio, Passo do Sobrado, Vale Verde. Quando termino uma, já começo outra”, explica o profissional, que atua na área há 12 anos e realiza tanto reformas quanto construções de imóveis, em todas as etapas.

Quando começaram as medidas de restrição para conter a proliferação da Covid-19, o pedreiro pensou que enfrentaria uma crise. “Mas fiquei só uma semana parado, depois voltei e logo melhorou. Posso dizer que não mudou nada, não teve nenhuma redução de serviço”, comemora. “A única coisa é que a mão de obra aqui é muito desvalorizada, comparando com outras regiões”, pondera.

Para o pedreiro Marcos Dullius, o serviço não para (Foto: Juliana Bencke/Folha do Mate)

Comércio

Assim como pedreiros e construtoras, as lojas de materiais de construção também sentem os reflexos positivos. Para o proprietário da Artefatos Pithan e Materiais de Construção, Ademir Celso Pithan, 63 anos, o momento é de muito trabalho. “Não podemos reclamar, estamos com o setor a mil. Essa é uma das melhores épocas do ano e neste 2020 não é diferente”, pontua.

Ele comenta que alguns materiais estão demorando um pouco mais para chegar, como é o caso de ferro e caixas d’agua. “A gente conversa com empresários do ramo e todos falam que estão trabalhando normal, vendendo normal.”

A empresa até ficou fechada durante uma semana, mas logo que o decreto do Município possibilitou o retorno, as demandas são grandes. “O giro está muito bom. Hoje as pessoas estão poupando, deixando de sair, e essa é a hora de reformar algo na casa, construir uma cerca, proporcionar uma melhoria para a família. Por isso, acredito que nosso segmento está atuando normalmente”, comenta Pithan.

Empresário do setor de construção, Ademir Pithan, comenta que o atual momento é de boas vendas (Foto: Rosana Wessling/Folha do Mate)

“Já se ouve falar que faltam profissionais em Venâncio”

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de Venâncio Aires, Jandir da Silva, observa que o segmento de obras não registrou demissões em massa, como outros.

“No setor de mobiliário e madeireiras, cerca de 200 trabalhadores foram demitidos. São empresas que foram afetadas justamente por não conseguir vender os produtos, com as lojas fechadas durante a pandemia”, analisa. “Mas na parte de construção civil não se percebeu esse problema. Na verdade, já se ouve que faltam profissionais em Venâncio”, comenta.

O representante sindical lamenta, no entanto, que apesar do momento positivo para o setor, o reajuste salarial da categoria tenha sofrido os reflexos da crise e ficado abaixo do espero. “Nossa data-base é em maio, iremos receber apenas a partir de setembro, e somente 2,5%, que é a reposição inflação, enquanto esperávamos de 4% a 5% de reajuste”, diz. Silva comenta que, na negociação entre a federação dos trabalhadores e o sindicato patronal pesou a situação de cidades como Porto Alegre, onde o setor ficou parado por meses. “Não era a realidade da nossa região, mas acabou interferindo e a federação, que representa 26 sindicatos, não obteve êxito na negociação.”

Obras x coronavírus

Diferente de Porto Alegre, onde a construção civil ficou parada por meses, no Vale do Rio Pardo, a maioria das construtoras pôde retornar às atividades em poucos dias, o que contribuiu para não prejudicar o setor, na avaliação do vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon/RS), Astor José Grüner. “Vários estudos já mostram que o setor não é considera um vetor de transmissão do coronavírus, especialmente pelo trabalho ocorrer, principalmente, em ambientes abertos”, diz.

Vendas seguem, mas com mudanças na forma de pagamento

Um dos itens indispensáveis na hora de construir é a madeira e, de acordo com o proprietário da Madepinus, Julberto Kurz, comparando com o mesmo período do ano passado, as vendas continuam parecidas. Porém, desde março, quando iniciou o isolamento social por causa da pandemia, ele precisou readequar as formas de pagamentos para os clientes.

Kurz afirma que, antes, a maioria dos clientes pagava à vista ou em duas, três vezes no cartão e boleto. Atualmente, eles pedem para fazer em mais parcelas. “Comecei a aceitar pagamento em cheque e aumentei o número de prestações”, comenta.
De acordo com ele, a procura por madeira para construções continua alta. “Na quinta-feira, vendi madeiras para um cliente que vai fazer três casas locação. Ele está investindo para ter um retorno no futuro, pois é uma forma de ganhar dinheiro”, acredita.

Ele percebe que os financiamentos para casas estão com juros mais baixos e mais facilidades de pagamento, por isso, as pessoas estão procurando construir mesmo com a crise. “Ter um imóvel é garantia, pois se um dia for vender vai ter sido valorizado financeiramente.”

Julberto Kurz comenta que as vendas estão boas, porém, o dinheiro entra mais parcelado (Foto: Eduarda Wenzel/Folha do Mate)

Pandemia não afetou a construção da casa própria

Ter a casa própria e pátio para cuidar foi um dos desejos da família de Ana Paula Trarbach Pereira, 38 anos. Ao lado do marido Afonso Spies Sieben, a arquiteta e urbanista começou os planejamentos da construção da casa no início do ano. “Sempre tive essa vontade de estar no chão, pois moramos em apartamento. Com a chegada do nosso filho Miguel, de 1 ano e 10 meses, essa vontade só foi fortalecida.”

A primeira escolha foi pelo terreno. A família optou pelo bairro Xangrilá. “Como temos duas crianças, morar dentro de apartamento é complicado. Tínhamos esse sonho e chegou a hora de realizar”, reforça Ana.

Em março, quando começaram as restrições referentes à pandemia do coronavírus, o casal até cogitou esperar, mas como viu que o setor continuava e esse era um dos sonhos, deu andamento. Em junho, eles iniciaram a construção. Até o momento, não encontraram problemas com a entrega de materiais. “Em fevereiro, encaminhamos os papéis para o financiamento e, naquele mês, a obra foi aprovada, foi tudo bem tranquilo”, relembra.

Como atua na área, Ana Paula destaca que o setor está em pleno vapor. “No início, deu uma desacelerada, mas logo na sequência a Caixa Federal também deu mais opções de auxílio para financiar e tudo foi retomando. Sem contar que agora ninguém está viajando, passeando, saindo para jantar, ou seja, sobra mais dinheiro para construir”, frisa a arquiteta.

Ana Paula Trarbach irá realizar o sonho da casa própria em 2020 (Foto: Rosana Wessling/Folha do Mate)

Queda de juros e opção por um investimento concreto

A queda de juros é uma das razões de os investimentos em construção e compra de imóveis terem aumentado. Conforme o economista Carlos Giasson, a taxa de juros está negativa se comparar com a inflação.

Neste mês, a taxa básica de juros da economia brasileira, conhecida como Selic, passou de 2,25% para 2%, sendo a menor da história desde 1999. “A Selic é referência no mercado de taxas. Ela baixou a maioria das coisas devem baixar, por isso incentiva o consumidor a fazer a economia girar”, explica.

Para ele, a queda de juros, tanto para financiamentos como em compras no geral, é resultado da crise econômica durante a pandemia. Com a diminuição nos juros e o aumento na procura de imóveis, o Produto Interno Bruto (PIB) não sofrerá tanta queda. “Em cada área, reflete de uma forma, mas percebo que os juros da área civil estão acompanhando bem essa queda”, observa o economista.

Giasson explica que a compra ou construção de imóveis são formas concretas de ter o dinheiro investido, por isso, em épocas de crise, as pessoas procuram essa garantia. “A poupança não rende mais como antigamente, então ter uma casa própria ou até para locação é uma garantia de dinheiro no futuro, casa necessite e não tenha guardado. Por exemplo, é um possível penhoramento ou venda, pois a valorização de imóvel é grande.”

“A poupança não rende mais como antigamente, então, comprar imóveis acaba sendo uma forma concreta de investir. Ter uma casa própria ou até para locação é uma garantia de dinheiro no futuro.”

CARLOS GIASSON – Economista

DICA

O economista Carlos Giasson sugere que, quem estiver interessado em financiar um imóvel, procure uma linha de crédito que não comprometa muito a renda, porque será uma dívida de longo prazo.

TAXA SELIC

  • A Selic é a taxa básica de juros da economia.
  • Ela é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação.
  • A Selic influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.
  • Quando ela cai, tomar dinheiro emprestado fica mais baratos e isso estimula o consumo.
    Fonte: Banco Central